Pular para o conteúdo principal

Quer estudantes com autonomia? O caminho é a aprendizagem centrada no estudante!


Algumas afirmações requerem algum tempo para a completa compreensão de seu significado. Paulo Freire, por exemplo, disse: "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou sua construção". Acredito que hoje, finalmente, consegui entender o que ele disse.

Durante meus estudos no Programa Professores para o Futuro, na Universidade de Ciências Aplicadas de Häme, a Professora Essi Ryymin apresentou o gráfico a seguir. Ele foi ponto de discussão em classe, com os demais colegas professores, na tentativa de entender a proposição. Porém, somente após a minha própria vivência e aplicação de estratégias para a aprendizagem centrada no estudante, quando mudei meu comportamento como professor, consegui relacionar meus estudos na Finlândia com os ensimentos de Paulo Freire.

A figura em questão, inpirada no estudo "Grow, G. (1991). Teaching learners to be self-directed. Adult Education Quartely, 41, 125-149, traz uma proposição muito simples em minha opinião: o comportamento do professor define o estudante. Assim, a seguir, tentarei elucidar o modelo.

Se o professor é "autoritário" (segundo o modelo), reconhecido por definir tudo o que o estudante deve fazer, por exemplo, determinando data, horário, local e principalmente a forma para a avaliação da aprendizagem, logo existem limitações às possibilidades de produção e/ou construção de conhecimento pelo estudante. Portanto, espera-se que o estudante assuma um comportamento de dependência, no qual ele irá estudar para responder aquilo que acredita que o professor deseja, no lugar de mostrar aquilo que foi aprendido. 

Nesse contexto, desejo apresentar duas questões: 1) São as provas de múltipla escolha adequadas acessar o conhecimento desenvolvimento pelo estudante? 2) É essa uma estratégia pedagógica focada no desenvolvimento do estudante ou na burocracia da prática docente?

Naturalmente, mudar a postura como professor não é fácil. Temos medo da mudança, professor e estudante. O primeiro, receoso em cumprir a burocracia escolar, também está preocupado se terá a liberdade (autonomia?) para a adoção de prática pedagógica alternativa àquela institucionalizada. O segundo, não sabe como responder ao novo cenário de aprendizagem. Por isso é importante que o professor conheça o poder do elogio e da psicologia positiva. Com essas duas ferramentas ele criará um cenário de bem-estar com uma atmosfera que fará o estudante ficar confortável para tentar algo diferente. É preciso que o professor esteja disponível para escutar o que o estudante tem a dizer, não somente sobre a disciplina ou conteúdo, mas também sobre a vida, dificuldades e sonhos. Esse será o professor "motivador", que terá um estudante interessado em produzir e compartilhar conhecimentos.

Mais uma vez, algumas questões são necessárias para auxiliar a reflexão. 1) Possui o professor autonomia para o exercício da prática profissional ou os regulamentos e a burocracia limitam o seu trabalho? 2) Qual o objetivo da educação: desenvolver pessoas ou resolver provas?

Lecionar para uma turma de estudantes, composta por um conjunto de indivíduos com requerimentos únicos, é desafiador. O professor deve enxegar a unicidade de cada estudante para orientar individualmente o desenvolvimento de todos. Às vezes, algum estudante aprensentará limitações que estão além do apoio que o professor pode oferecer e o auxílio de outros profissionais (psicólogos, pedagogos, assistente social e outros) será necessário. No entanto, lecionar para uma turma de estudantes comprometidos é mais desafiador ainda. Eles aplicarão o conhecimento produzido a todo momento, nos mais diversos cenários que eles vivem. Todo dia trarão mais e mais questões para resolução em conjunto com professor. Serão dúvidas genuínas e não aquelas que podem ser resolvidas com uma simples busca no Google. Enfim, a mágica aconteceu. A partir desse ponto o professor irá orientar os passos do estudante através do caminho da produção/construção do conhecimento. 

Finalmente, atingimos o comportamento de professor "Supervisor". Em resposta, os estudantes assumirão o comportamento auto-dirigido. Eles aprenderão ativamente e ficarão felizes em mostrar a produção realizada. Por isso, orgulhosamente, apresento algumas das produções autênticas e autônomas de estudantes que construíram o próprio conhecimento sob minha supervisão. São demonstrações de aprendizagem acerca de Biologia Celular (GIFs produzidos com o app Pivot Animator (http://pivotanimator.net/)) e Botânica (https://www.youtube.com/watch?v=ylHUk-3jWYE&sns=fb).

Isso tudo só foi possível pela adoção de uma estratégia de ensino centrada no estudante. Eu vivi isso nas duas perspectivas. Primeiro, como estudantes na HAMK, quando os professores apresentaram um desafio e confiaram que seríamos capazes de solucionar o problema. Segundo, como professor no IFRO, supervisionando a produção ativa de estudantes. Aprendizagem centrada no estudante é educação para o futuro. Isso é #EDU4F







Do you want students with autonomy? The way is Student Centered Learning approach!

Some statements need time to be completely understood. Paulo Freire, for instance, said: "Teaching is not to transfer knowledge, but to create possibilities for the production or the construction of knowledge". I believe, today, I got what he said.

In my studies at Häme University of Applied Sciences, in VET Teachers for the Future Program, Professor Essi Ryymin presented me the graph below. It was discussed in classroom with other teacher colleagues, in an attempt to understand what it means. However, only after my own personal experience applying Student Centered Learning approach, when I changed my teacher behavior, I related my studies in Finland with Paulo Freire's wise words.



This picture was inspired by the study "Grow, G. (1991). Teaching learners to be self-directed. Adult Education Quartely, 41, 125-149, which brings, in my point of view, a simple proposition: teacher's behavior affects the student's behavior. Thus, I am going to try to clarify this model.

If teacher is "authority" (according to the model), recognized by to define everything that a student must do, for instance, establishing date, time, place and mainly the way to do the learning assessment, then he/she put many limitations to possibilities to production and/or construction of knowledge by a student. Therefore, we may hope dependent students, who will try to answer what they think that the teacher wants, in place what they have learned.

In this context, I'd like to raise two questions: 1) Are Multiple Choice Exams suitable to acess the knowledge developed by students? 2) Is it a pedagogical approach focused on student development or in bureaucracy of teaching practice?

Naturally, change a teacher's behavior is not easy. We are afraid of changes, teacher and student. The first one may be concerned about bureaucracy and if he/she might have freedom (autonomy?) to adopt an alternative pedagogical approach regarding the current way of teach. The second one has no idea about how to present answers in this new learning scenario. Because of that, it is really important that teacher uses the compliments and positive psychology. These two tools will help him/her to create a suitable environment and well-being where student may feel comfortable to try something new. Teacher should also be available to listen what a student has to say, not only about content, but also about life and dreams. It will be the "Motivator", who will have students interested in to produce and to share knowledge.

Once again, some question to guide reflexions: 1) Does the teacher have autonomy to run his/her pedagogical tasks or the rules and bureaucracy limit his/her job? 2) What is the main objective of education: to develop people or to solve questions from exams? 

Teaching a classroom full of students, a set made of different individuals with their own requirements, it is a challenge. Teacher should perceive none student is equal to other and then adjust his/her way of teach for each individual. Sometimes, a student have special needs and teacher has to ask help to other professionals (psychologists, social service ans other). However, teaching a classroom full of committed students is a challenge much bigger. Frequently, they are going to apply their knowledge anytime, anywhere. Every day, they will bring more and more questions to be solved while they are guided by the teacher. They will bring genuine questions in place of those that can be solved with Google search tool. The Magic happened and the teacher just have to guide students throughout the pathway of knowledge production. 



Finally, we reach the  teacher as a "Supervisor". Students shall act as self-directed learners. They will actively learn and they will be happy to show what they learned. Because of that, proudly, I'd like to present for you some authentic competence demonstrations made by students under my supervision. They are about Cell Biology (GIFs using Pivot Animator app (http://pivotanimator.net/)) and Botany (https://www.youtube.com/watch?v=ylHUk-3jWYE&sns=fb).

It is Student Centered Learning approach. I lived it in two different perspectives and it was amazing. First, as a student at HAMK. Second, as a teacher at IFRO. So, Student Centered Learning approach is education for the future. It is #EDU4F







Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Onde acontece a aprendizagem?

Esse é um assunto que tenho mantido em mente há alguns dias, após um estudante descrever um momento de epifania, em sentido filosófico. Naquele momento, ela foi invadida por uma sensação de compreender a essência das coisas, de considerar algo como solucionado ou esclarecido. Ela viveu essa experiência a caminho da escola, ao observar as imagens pela janela do ônibus, quando percebeu completamente o significado de os seres vivos serem células. Discuti o tema com ela por alguns minutos e, sem dúvida alguma, ela aprendeu. Não foi em classe enquanto escutava uma argumentação, nem resolvendo listas de exercícios em casa. Foi naquele momento especial, no ônibus, que a aprendizagem aconteceu. Professores e estudantes devem ser avisados: a aprendizagem não acontece exclusivamente em sala de aula, simultaneamente ao momento em que o professor argumenta acerca de certo tema. A aprendizagem é um processo que leva tempo, que é determinado individualmente. Assim, cada pessoa tem seu tem

FERRAMENTAS DIGITAIS PARA APRENDIZAGEM ATIVA NO SÉCULO XXI: SÃO ELAS UMA CAIXA DE PANDORA?

Existe um antigo mito grego sobre a Caixa de Pandora, que diz que ela não deve ser aberta sob pena dos demônios voarem para fora e tornarem o mundo um lugar pior para viver. Alguns professores tem uma ideia equivalente quando eles pensam sobre ferramentas digitais em suas salas de aula. Isso não é inesperado, porque é uma situação completamente nova para alguns professores e coisas novas são frequentemente assustadoras. Entretanto, o mundo tem mudado muito nas últimas décadas, principalmente após o surgimento de Internet e de buscadores como Google . Então, é tempo para mudar as crenças dos professores e um bom começo pode ser estender o uso de tecnologias e ferramentas digitais ao processo de aprendizagem. Não tenha medo, você pode abrir a caixa. Não há demônio algum lá dentro. Você apenas deve aprender como lidar com isso e estou aqui para te ajudar com algumas dicas. Ferramentas digitais são quase ubíquas atualmente e elas podem ser entendidas como um conjunto de sites d

LEARNING BY DOING: A FABRICAÇÃO DE QUEIJO FRESCAL COM CULTURA LÁTICA MISTA HOMOFERMENTATIVA COM LEITE PASTEURIZADO COMO PRÁTICA EDUCATIVA PARA O CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO NO IFRO PORTO VELHO CALAMA

INTRODUÇÃO A Resolução nº 06, de 20 de setembro de 2012, do Conselho Nacional de Educação (CNE), define as diretrizes curriculares nacionais para a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) de Nível Médio, apontando os seguintes princípios que devem ser observados para sua construção e execução curricular. De forma sintetizada, as diretrizes são: 1) Formação integral; 2) Indissociabilidade entre teoria e prática; 3) Trabalho como princípio educativo; 4) Respeito aos valores éticos, estéticos e políticos da educação nacional; 5) Interdisciplinaridade; 6) Contextualização; 7) Flexibilidade de itinerários formativos; 8) Indissociabilidade entre educação e prática social; 9) Articulação com o arranjo produtivo local; 10) Reconhecimento e respeito à diversidade; 11) Reconhecimento das identidades e; 12) Respeito ao pluralismo de ideias (Brasil, 2012). Acreditamos que esse conjunto de princípios são atendidos quando a prática pedagógica é realizada observando a “Aprendizagem Pelo Trabalho”