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Quando a avaliação da aprendizagem é desenvolvida com um sentimento de felicidade...

                   Chegamos ao momento decisivo, após um semestre de aulas.
 É agora!
          Sinto minha respiração ofegante, minhas mãos trêmulas e uma gota de suor pelo meu rosto.
          Na véspera, estudei muito. 
E, se o universo conspirar ao meu favor, as questões serão sobre aquilo que estudei.
          Espero que o professor tenha redigido as questões com base nos capítulos 7 e 11. 
Em caso contrário... 





Infelizmente, esse é o pensamento de muitos estudantes no momento de uma prova para a avaliação da aprendizagem. Ao iniciarem esse atividade, fazem um exercício da fé ao desejar a sorte de o professor ter preparado a questão certa, quando deveriam demonstrar que dominam o conhecimento. Ou, ainda, sofrem ao viver um momento que aparenta ser de punição ou acerto de contas, quando deveriam estar felizes pela oportunidade para demonstrar o desenvolvimento realizado durante o curso.


Ao lidar com estudantes nessa situação, tenho me questinado: Por que um estudante desenvolveu essa forma de enxergar a avaliação da aprendizagem? Seria possível tornar a avaliação de aprendizagem um momento menos estressante?





Quando o estudante enxerga a avaliação da aprendizagem dessa forma, acredito que a escola falhou. Pois a avaliação deveria ser um momento para a comunidade apreciar a capacidade de criação e de produção da humanidade, o resultado da dedicação de esforço induvidual ou coletivo para produzir algo em um tempo limitado, a beleza da obra realizada...

Além disso, um desafio inesperado que esse tipo de visão traz para a escola é a possibilidade de o estudante estudar muito, NA VÉSPERA. Ele terá ativado a memória de curto prazo e, após um certo tempo, tudo será esquecido, o comportamento não será mudado, ele não terá refletido acerca da aplicação do conhecimento e do contexto em que se insere. Enfim, a aprendizagem não terá sido realizada.







O meu argumento é: esse tipo de avaliação de aprendizagem, a qual permite que o estudante se prepare na véspera, é como maquiagem. Ambos são aplicados antes do momento decisivo, na esperança de parecer mais capaz do que se é efetivamente. É engodo! É photoshop!



Como superar esse obstáculo? Pois a prova aplicada para a avaliação da aprendizagem permite a certificação do conhecimento com base em um protocolo isonômico e impessoal. 

Acredito que a solução depende de duas coisas simples e integradas: o CONTRATO DE APRENDIZAGEM (para saber mais: https://sites.educ.ualberta.ca/staff/olenka.bilash/Best%20of%20Bilash/learning%20contracts.html) e a produção ativa em classe.





No Brasil, várias vezes escutamos: Não assine nada sem ler! Pois o desconhecimento do conteúdo de um documento pode trazer situações inesperadas ou desagradáveis para alguma das partes contratantes. Então, por que a avaliação da aprendizagem não segue a mesma regra?

E, qual a razão para verificar a aprendizagem somente no dia da prova?  Por que não fazer isso dia-a-dia, através de uma produção ativa em classe?

Tenho praticado o contrato de aprendizagem integrado com a produção ativa em acordo com os estudantes e, seguramente, eles tem  desenvolvido coisas fantásticas que demonstram o quanto eles aprenderam no transcorrer do curso, como os exemplos abaixo. 

 
 

Por isso, uma avaliação da aprendizagem na qual o estudante se sentirá seguro e feliz por realizar é dependente de um bom contrato de aprendizagem e de produção ativa. Isso é Educação para o Futuro! Isso é #EDU4F




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