LEARNING BY DOING: A FABRICAÇÃO DE QUEIJO FRESCAL COM CULTURA LÁTICA MISTA HOMOFERMENTATIVA COM LEITE PASTEURIZADO COMO PRÁTICA EDUCATIVA PARA O CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO NO IFRO PORTO VELHO CALAMA
INTRODUÇÃO
A
Resolução nº 06, de 20 de setembro de 2012, do Conselho Nacional de Educação
(CNE), define as diretrizes curriculares nacionais para a Educação Profissional
e Tecnológica (EPT) de Nível Médio, apontando os seguintes princípios que devem
ser observados para sua construção e execução curricular. De forma sintetizada,
as diretrizes são: 1) Formação integral; 2) Indissociabilidade entre teoria e
prática; 3) Trabalho como princípio educativo; 4) Respeito aos valores éticos,
estéticos e políticos da educação nacional; 5) Interdisciplinaridade; 6) Contextualização;
7) Flexibilidade de itinerários formativos; 8) Indissociabilidade entre
educação e prática social; 9) Articulação com o arranjo produtivo local; 10) Reconhecimento
e respeito à diversidade; 11) Reconhecimento das identidades e; 12) Respeito ao
pluralismo de ideias (Brasil, 2012).
Acreditamos
que esse conjunto de princípios são atendidos quando a prática pedagógica é
realizada observando a “Aprendizagem Pelo Trabalho” (Work Based Learning).
Embora existam muitas formas de descrever e definir a Aprendizagem pelo
Trabalho, aqui adotamos a definição da Comunidade Europeia especialmente
desenvolvida para a aprendizagem profissional para a indústria de laticínios,
conforme descrito em Best Practices on Work Based Learning – from the dairy
industry (Edwards e Frandsen, 2019). Segundo esse documento, a Aprendizagem
pelo trabalho é uma prática pedagógica que envolve três níveis de abordagem: 1)
a aprendizagem pelo trabalho, 2) a aprendizagem para o trabalho e 3) aprendizagem
no trabalho. Para tanto, os estudantes: a) serão engajados na resolução de
problemas do mundo real; b) o conhecimento prévio será ativado e servirá como
base para o novo conhecimento em construção; c) o novo conhecimento é
demonstrado para o aprendiz; d) o novo conhecimento é aplicado pelo aprendiz –
é o aprender-fazendo (learning by doing); e) o novo conhecimento é contextualizado
(tem significado) com o mundo do aprendiz.
A
aprendizagem para a indústria de produção de alimentos segue uma abordagem com muito
conhecimento científico integrado, a qual deve ser acrescida ao conhecimento
prévio do estudante, e precisa permitir o desenvolvimento de novas competências
por ele (Monti, 2017). Esse autor, ainda, argumenta que a aprendizagem por
transmissão de conteúdo não é fácil e por isso é necessária a demonstração de
abordagens pedagógicas inovadoras capazes de motivar os estudantes para a
aprendizagem. Adicionalmente, Barato (2008), explana que uma explicação bem
estruturada não é garantia de uma boa execução, fluente e correta; e que a
competência profissional fluente requer uma aprendizagem própria, pois o saber
que lhe é intrínseco não é a aplicação da teoria, mas uma dimensão do
conhecimento cuja base é um entendimento da ação. Enfim, a aprendizagem pelo
trabalho, basicamente o aprender-fazendo (learning by doing), é a
estratégia pedagógica defendida para a formação de novos profissionais para a
indústria de laticínios, capazes de operar de maneira segura uma cadeia de
produção de alimentos, envolvendo máquinas, instrumentos e equipamentos
(Edwards e Frandsen, 2019; Monti, 2017).
Os
Egressos do curso técnico integrado ao ensino médio do IFRO Porto Velho Calama
devem ser competentes para o trabalho na indústria de alimentos, como
laticínios. Por isso, durante a sua formação, eles atendem a diferentes
disciplinas para o desenvolvimento da competência profissional. Na disciplina
de Microbiologia, por exemplo, eles aprendem a dominar as técnicas de
esterilização e desinfecção de conteúdos e superfícies, além de manejar o
processo fermentativo (IFRO, 2017). Atingir esse desenvolvimento humano e
profissional é a consolidação das diretrizes curriculares nacionais para EPT de
Nível Médio, anteriormente citadas.
Esclarecemos
que o conceito de Competência utilizado nesse trabalho observa o modelo proposto
por Delors (1999), que é composto por quatro dimensões - Aprender a aprender,
Aprender a fazer, Aprender a ser e Aprender a conviver - e que acreditamos
estar mais alinhada ao modelo de educação politécnica desenvolvida no Instituto
Federal de Rondônia. Para esse autor, o sujeito precisa mais do que conhecer
todo o processo produtivo, mas estar pronto para agir em qualquer setor, em
diferentes circunstâncias, possuindo características como competência, solidariedade,
pró-atividade, capacidade rápida de adaptação. Ou seja, a educação profissional
serve para formar um sujeito terá reportório para lidar com as mais diferentes
situações e pessoas, caracterizando-se, mais como uma qualificação social do
que de uma qualificação profissional.
A
indústria de alimentos é dependente dos conhecimentos da Microbiologia, pois a
segurança da produção e conservação dos alimentos preconiza o procedimentos de
controle e de manipulação de microrganismos, evitando bactérias patogênicas,
como Escherichia coli, e empregando organismos
úteis aos processos fermentativos, como os lactobacilos (Beltrão et al., 2017; Alves
et al., 2011).
A
manipulação dos microrganismos com potencial homofermentativo, são de interesse
da Biotecnologia, os quais podem ser utilizados na fabricação de queijos e
iogurtes, com destaque para o Lactobacillus acidophilus, um
microrganismo probiótico em razão dos benefícios à fisiologia do corpo humano
em resposta ao seu consumo; o Lactobacillus casei, da flora nativa
humana, que possui um longo histórico e uma série de evidências de efeitos
positivos para aqueles que o consomem; e, enfim, as bifidobactérias presentes em
alguns queijos, dependendo do probiótico utilizado (Alves et al., 2011).
Dos
alimentos que podem ser produzidos pela manipulação dos processos fermentativos
de microrganismos, destaca-se o queijo. Segundo Perry (2004), o queijo é um
alimento nutritivo, ele é um concentrado lácteo composto de proteínas,
lipídios, carboidratos, sais minerais, cálcio (Ca), fósforo (P) e diversos
tipos de vitaminas, entre elas A e B. Adicionalmente, o queijo apresenta 48% de
gordura que contém cerca de 23-25% de proteína. Portanto, ele apresenta um teor
proteico equivalente ao da carne. E, Paula, Carvalho e Furtado (2009), relatam
que essa técnica de transformação do leite em queijo é bastante antiga e envolve
um processo básico de concentração da proteína e gordura de leite na coalhada,
enquanto o soro com lactose e sólidos solúveis são removidos.
Dentre
os diferentes tipos de queijo, destaca-se o queijo frescal de origem
brasileira, com exploração comercial consolidada nas grandes cidades do país. Seu
processo de produção é simples e requer, além de boas práticas de higiene e manipulação,
equipamentos de baixo custo e de certa segurança em seus investimentos.
Normalmente, são encontrados com formato cilíndrico, com peso variando entre
300 g e 5 kg, apresentando consistência branda e macia, textura com ou sem
olhaduras mecânicas, cor esbranquiçada, sabor suave ou levemente ácido e crosta
fina (Vieira; Lourenço Jr., 2004).
Desta
forma, o objetivo desta pesquisa foi investigar o desenvolvimento de
competência profissional pelos os estudantes do curso técnico em química
integrado ao ensino médio do IFRO Porto Velho Calama através da pesquisa como prática
pedagógica, ao executarem a aplicação das técnicas de higiene e de manipulação
de microrganismos durante o desenvolvimento de uma nova proposta para produção
de queijo frescal, empregando uma cultura lática mista com bactérias mesofílicas
e termofílicas homofermentativas, a partir do uso de leite industrializado e pasteurizado.
MATERIAIS
E MÉTODOS
A PRODUÇÃO DE QUEIJO FRESCAL
Os experimentos foram realizados no laboratório de
Microbiologia e Parasitologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Rondônia - IFRO, Campus Porto Velho Calama. Quanto ao método, foi
modificado de Busnello (2008), Bezerra (2008)
e Silva (2005), conforme descrito a seguir.
Inicialmente, duas porções de leite industrializado
pasteurizado foram pasteurizadas ≅ 65 °C por 30 min, uma de 800 mL e outra de 200 mL
em banho-maria. Posteriormente, a fração de 200 mL foi resfriada à 25 °C por ≅ 30 min. Na sequência, adicionou-se 40
mL de leite fermentado – industrial e comercializado, que foram homogeneizados
e deixado em repouso durante 15 min em temperatura ambiente. Simultaneamente, a fração de 800 mL foi
resfriada a 35 °C. Posteriormente, foram unidas a porção 800 mL de leite a 35
°C com a mistura de 240 mL leite pasteurizado e resfriado a 25 °C com leite
fermentado e acrescida de uma porção de 100 mL de solução de cloreto de cálcio
(CaCl2) a 0,04% a 0,06%. Esse volume de 1140 mL foi homogeneizado, com
bastão de vidro, por 3 min. Todos recipientes utilizados nos experimentos foram
previamente esterilizados por calor a seco ou a úmido.
Em seguida, 700 µL da enzima comercial quimosina microbiana do Aspergillus niger var. awamori (coalho) foram adicionadas e misturadas continuamente pelo mesmo período. Na sequência, deixou-se em repouso por 45 min para que ocorresse a coagulação. Posteriormente, avaliou-se a coagulação com a formação da massa do queijo por técnicas tradicionais. Após a avaliação, deixou-se em repouso por mais 10 minutos e realizou-se a mexedura por 3 min com recipiente de metal inox. Na sequência, a mistura foi deixada em repouso por 5 min. A mexedura foi realizada em triplicata e em sequência. Após este processo, dessorou-se utilizando-se uma peneira fina, a massa obtida foi retirada e colocada em fôrmas para queijo. Em seguida realizou-se a salga a seco durante as viragens do queijo, utilizando NaCl (0,7% / 1000 mL leite) em cada face. As viragens e a salga, realizadas também em triplicatas, ocorreram fôrma por intervalo de 30 min. O processo de envelopagem foi realizado em papel filme aquecido. As etapas do processo podem ser evidenciadas no fluxograma (Figura 01), a seguir.
Figura 01: Fluxograma
evidenciando as etapas da produção do queijo.
A INVESTIGAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA PROFISSIONAL PELA
SUPORTE DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Para elaboração e aplicação online dos questionários,
foi utilizado o sistema “Google Forms”, que armazena também as respostas,
facilitando a comparação e análise das redações apresentadas pelos três
estudantes autores/participantes da proposta. O questionário contou com
perguntas discursivas que serão apresentadas na discussão deste trabalho.
No processo de análise dos resultados, para tratamento
dos dados, foi utilizado o método de análise do conteúdo, realizando
inicialmente a leitura flutuante das respostas, em seguida a seleção das
unidades de análise (optamos por palavras e temas) e também a categorização de
algumas respostas (e posteriormente codificadas), com o objetivo final de
identificar se os estudantes que participaram do projeto desenvolveram competência
profissional e a capacidade de contribuir com o mundo do trabalho.
RESULTADO
E DISCUSSÃO
A PRODUÇÃO DE QUEIJO FRESCAL
Os
ensaios realizados pelos alunos para a fabricação do queijo permitiram: 1) o
processo ensino-aprendizagem teórico e prático com implementação tecnológica, a
partir da adequação do método clássico, com a inserção de cepas dos Lactobacillus casei e L. acidophilus, 2) a produção de um queijo com propriedades sensoriais
caracterizada pela textura macia, teor alto de umidade, coloração esbranquiçada,
sabor levemente adocicado, odor lácteos suave (figura 2).
Figura 2. imagens evidenciando algumas das
etapas (A-D) de fabricação de um queijo frescal com proposta para embalagem e
logo.
Os
experimentos com uso de cepas lácticas para produção de queijo seguiram a
descrição de Paula, Carvalho e Furtado (2009), que lista os princípios básicos
para produção de um queijo. Spadoti, Dornellas, Roig. (2005) citam que os
queijos podem apresentar cor amarelada forte, amareladas e uniforme da massa e
amarelada mais fraca e menos uniforme. Machado et al. (2004) apresentaram resultados de propriedades gerais do
queijo, como sendo de cor amarelo claro, casca fina, aroma levemente
pronunciado, consistência macia, textura levemente cremosa e sabor levemente
ácido. Vieira; Lourenço Jr. (2004)
informaram que podem ser encontrados
queijos com consistência branda e macia, textura com ou sem olhaduras
mecânicas, cor esbranquiçada, sabor suave ou levemente ácido e crosta fina.
Enfim,
as análises sensoriais do queijo produzido nesta pesquisa estão em consonância
as especificações técnicas do Queijo
Minas Frescal. Obtivemos um queijo fresco por coagulação enzimática do leite
com coalho e/ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada com ação
de bactérias lácticas (Brasil, 1996). Nos estudos de Perry (2004) cita-se
que tipo de queijo deve se apresentar com características de um queijo macio,
semi-gordo, de alta umidade com coloração esbranquiçada e odor suave,
característico. Devendo ter formato cilíndrico e ser produzido com leite de
vaca pasteurizado, tendo pouca acidez e apresentando durabilidade pequena.
Os dados permitem inferir que o produto
produzido nesta pesquisa, atende ao Regulamento Técnico de Identidade e
Qualidade dos Queijos, regulamentado pela Portaria nº 146 de 07 de março de
1996 define queijo como sendo o produto fresco ou maturado que se obtém por
separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou
totalmente desnatado), ou de soros lácteos coagulados pela ação física do
coalho, de enzimas específicas, de bactéria específica, de ácidos orgânicos,
isolados ou combinados, com ou sem agregação de substâncias alimentícias e, ou
especiarias e, ou condimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias
aromatizantes e matérias corantes (Brasil, 1996).
O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA PROFISSIONAL
No que compete à investigação
com os estudantes sobre o desenvolvimento de competência profissional, serão
apresentados abaixo os resultados e análises das respostas dos questionários.
Questão 1. Como a aprendizagem sobre
a produção de queijo frescal possibilitou a você um maior domínio sobre os
conceitos de microbiologia, considerando tipos de microrganismos e seus
metabolismos?
Estudante 1. Para poder lidar com a produção do
queijo frescal tivemos que entrar mais fundo nos assuntos. Com isso
tivemos que manipular alguns microorganismo (...). Com algumas mudanças que
fizemos conseguimos o resultado esperado.
Estudante 2. (...) eu realmente pude obter
certa fluência sobre conceitos microbiológicos, desde a teoria, onde era
necessário estudar e anotar para se entender os conceitos, até o laboratório,
onde não só tive que pesquisar, mas provar que o que aprendi estava certo,
colocando em prática todo o conhecimento adquirido.
Estudante 3. Pelo fato de estarmos tratando de
transformações que envolvem microrganismos, muita pesquisa foi necessária
para que pudesse ocorrer a manipulação deles (dos microrganismos), nessas
pesquisas vimos quais tipos de organismos usar e o que eles fariam em nosso
produto. Então esse experimento para a produção do queijo foi essencial para entendermos
como os microorganismos atuam, e principalmente ver na prática a sua forma de
ação.
Questão 2. Como a aprendizagem sobre
a produção de queijo frescal possibilitou a você um maior domínio sobre
segurança individual, processos de transformação, equipamentos, instrumentos e
medidas em ambiente de laboratório? Cite exemplos
Estudante 1. Além do melhoramento nas práticas e
do conhecimento que tive, me mostrou como permanecer em um ambiente de
laboratório.
Estudante 2. Sobre a segurança individual, me
possibilitou o desenvolvimento de um maior domínio sobre os cuidados que
devem ser tomados ao realizar processos de transformação como o do queijo
frescal, que também me permitiu aprender na prática como seria acompanhar e
realizar a criação de um produto do zero, desde a ideia até a realização
prática laboratorial em si. Ademais, a questão de equipamentos e instrumentos,
tive a oportunidade de expandir ainda mais meus conhecimentos em relação ao meu
curso técnico e maior conhecimento das atividades teóricas e práticas em
relação a Microbiologia. A medida que eu ia adquirindo maior aprendizado em
estudos e prática no laboratório, isso me fez possuir maiores precauções e
cuidados ao entrar em contato com o ambiente laboratorial, para assim, não
prejudicar aos meus colegas de laboratório, ao respectivo trabalho a ser
realizado e também para não prejudicar a minha própria segurança.
Estudante 3. A parte de manipulação creio que
foi o que concretizou todo o conhecimento antes adquirido na teoria, pois os momentos
de prática como, pipetagem, separação de massa, uso dos equipamentos do
laboratório, principalmente como utilizá-los da forma correta, foram essenciais
para o aumento do nosso conhecimento, além da convivência com o grupo, que
foi uma das partes que mais requereu maturidade de todos os integrantes, para
enfrentar os problemas que foram surgindo durante o experimento.
Nas
respostas dos estudantes às questões 1 e 2 podemos observar que eles
vivenciaram o protocolo de desenvolvimento de produtos de laticínios,
experimentando procedimentos relacionados à microbiologia e biotecnologia. Eles
aplicaram técnicas de instrumentalização, desinfecção e de esterilização, bem
como a manipulação de fermentação láctea com microrganismos de importância para
biotecnologia de alimentos. Os procedimentos realizados podem auxiliar no
estímulo à pro-atividade, sistematização dos conhecimentos técnicos e
científicos, bem como transformar práticas em teorias inovadoras, conforme
defendido por Monti (2017). Essa prática pedagógica é corroborada por Demo (2011), que
defende que a base da educação é a pesquisa e é por meio dela que é possível
desenvolver no estudante o questionamento sistêmico e reconstrutivo da realidade.
Além disso, para esse último autor, a reconstrução é um processo constante de
inovação por meio da consciência crítica onde realiza sua interpretação,
formulação pessoal e aprender e reconstrói o seu pensar.
Bazzo
(2011) descreve que a humanidade vive sob os auspícios e domínios da ciência e
da tecnologia de forma intensa e marcante na vida contemporânea (...), e relata
que a lógica primordial do comportamento humano é a lógica da eficácia tecnológica;
suas razões são as razões da ciência. Assim, a busca por métodos que possam
melhorar ou inovar com ciência e tecnologia por “learning by doing” podem contribuir com a formação do
cidadão-profissional demandado pela sociedade no século XXI (Delors 1999;
Edwards e Frandsen 2019).
Questão 3. Como a aprendizagem sobre
a produção de queijo frescal possibilitou a você um maior domínio a
legislação e a aplicação de conhecimento microbiológicos na indústria de
alimentos?
Estudante 1. Me possibilitou aprender mais, além
das práticas que tivemos que fazer para que tudo saísse de maneira correta.
Estudante 2. Graças a isso, eu obtive maior conhecimento
quanto aos conceitos microbiológicos, me possibilitando ter maior domínio não
só aos conceitos do respectivo artigo, mas também a um diverso conhecimento
sobre microorganismos em alimentos.
Estudante 3. Mostrando que muitas coisas são
possíveis de se criar usando os microrganismos principalmente na área
alimentícia, mas que em todos há um cuidado e uma cautela muito grande, por
se tratar de seres vivos, e que se não forem manipulados com base nas regras
que já foram escritas para o seu uso, podem trazer sérios prejuízos em vários
aspectos.
Questão 4. Como a aprendizagem sobre
a produção de queijo frescal possibilitou a você uma preparação para o
ingresso no mundo do trabalho?
Estudante 1. Com a produção de queijo frescal
pude perceber novos conhecimentos sobre o assunto, assim tive uma grande
experiência sobre uma grande parte do mercado de trabalho, pois ganhamos
grandes experiências.
Estudante 2. Me possibilitou o verdadeiro
aprendizado, do qual é aquele que você não só estuda, mas põe em prática o
que estudou, fazendo com que meu conhecimento e minhas habilidades expandissem
de uma forma que em uma sala de aula não seria possível realmente aprender o
mesmo.
Estudante 3. Durante essa experiência, muitas situações
foram postas para nós, algumas eram leves outras eram mais tensas, mas de todas
era requerida uma solução. Então, acredito que esses eventos nos ajudaram a
entender como funciona o mundo do trabalho, além do costume com o ambiente em
que estamos sendo preparados para trabalhar, no caso o laboratório, mas
principalmente esse trabalho nos permitiu entender mais quem somos e o que
queremos para o futuro.
As
respostas das questões 3 e 4 mostram que nem todos os estudantes desenvolveram
maturidade para entender que a produção e manipulação de alimentos e/ou de
processos industriais devem seguir a alguma legislação ou norma, mesmo eles
tendo realizado a busca e o desenvolvimento do produto em observâncias às
normas nacionais em vigência. Ademais, percebe-se também que eles entendem que
a atuação profissional futura não será meramente teórica, mas dependerá da
execução prática de alguma atividade (Monti, 2017). Portanto, de alguma forma,
eles entendem que a competência profissional é composta por outras dimensões
além do saber teórico, como defendido por Barato (2008) e Delors (1999), ou
seja, temos a manifestação dos três níveis da aprendizagem pelo trabalho, como
descrito por Edwards e Frandsen (2019).
CONCLUSÃO
A prática pedagógica desenvolvida observou os princípios
da aprendizagem pelo trabalho e permitiu aos estudantes a demonstração da
aprendizagem realizada através da produção e apresentação de queijo frescal obtido
em escala laboratorial com atendimento aos parâmetros estipulados pelas normas
em vigência no país.
Os estudantes, sob supervisão do professor,
desenvolveram uma prática educativa baseada no fazer e na experimentação,
adequando o processo de fermentação láctea para o uso de microrganismos L. casei e L. acidophilus para a produção de queijo frescal.
Os
estudantes desenvolveram maturidade para entender que a produção e manipulação
de alimentos e/ou de processos industriais devem seguir a alguma legislação ou
norma, e perceberam também que a atuação profissional futura não será meramente
teórica, mas dependerá da execução prática de alguma atividade.
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto
Federal de Rondônia – IFRO pelo apoio e estrutura disponibilizada. Aos acadêmicos
do curso técnico em química: Alícia Conceição de
Amorim; Semiramys Angel Pereira Alexandria de Melo e Leonardo
Vinícios Silva Batista pela colaboração nos trabalhos.
ALVES A. T.
S.; SPADOTI, L. M.; ZACARCHENCO, P. B.; MORENO, F. T. I. Aspectos tecnológicos
da fabricação de queijos com probióticos, Centro de Tecnologia de Laticínios -
TECNOLAT-ITAL, Revista Indústria de
Laticínios, São Paulo – SP, p. 06, 2011.
ALVES,
C. C. C.; GEMAL, N. D. H.; CORTEZ, M. A. S.; FRANCO, R. M.; MANO, S. B.
Utilização de Lactobacillus acidophilus
e de acidificação direta na fabricação de queijo de Minas Frescal, Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v. 63, n.
6, p.1559 -1566, 2011.
BARATO, J. N.
Conhecimento, trabalho e obra: uma proposta metodológica para a educação
profissional. B. Tec. SENAC: A Revista
da Educ. Prof., v. 34, n. 3, p: 5-15, 2008.
BAZZO,
W. A. Ciência, Tecnologia e
Sociedade: e o contexto da educação
tecnológica. 3ª ed. Rev. Florianópolis: Ed.
da UFSC, 2011.
BELTRÃO, F.
S.; MOURA DE, C. R.; SOUZA DE, S.; ANDRADE DE, A. B.; SOUZA DE, W. C.; SANTOS
DOS, D. P. Caracterização físico química de queijo tipo
“Chevrotin” simbiótico, Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal,
v. 14, n. 1, p. 128-136, jan. / jun. 2017.
BEZERRA,
J. R. M. V. Tecnologia de fabricação de
derivados do leite, Departamento de Engenharia de Alimentos – UNICENTRO,
Guarapuava, 2008.
BRASIL.
Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação Câmara de Educação Básica.
Resolução nº 6, de 20 de setembro de 2012.
BRASIL.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Portaria n° 146 de
07 de março de 1996. Aprova os Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade
dos Produtos Lácteos. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, 07 mar., 1996.
BUSNELLO, S.
R. Aspectos da qualidade do leite e produção do queijo Minas Frescal, Arq.
Centro Das Faculdades Metropolitanas Unidas – Fmu, Medicina Veterinária, São
Paulo, Novembro, 2008.
DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir.
Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século
XXI. São Paulo: Cortez, 1998
DEMO, P. Educar pela pesquisa. 7. ed. Campinas: Autores Associados, 2011.
EDWARDS, C.; FRANDSEN, I.S. 2019. Best Practices on Work Based Learning –
from the dairy industry. Report for European countries that are member of
AEDIL. Disponível me: <https://dairysectorskills.com/wp-content/uploads/2019/05/Report-on-Work-Based-Learning.pdf>. Acesso em:30.03.2020.
INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA – IFRO. Resolução Nº
8/Reit. - CEPEX/IFRO, de 15 de março de 2017.
FURTADO, M.
M.; LOURENÇO NETO, J. P. M. Tecnologia
de queijos: manual técnico para a produção industrial de queijos. São
Paulo: Dipemar, 1994. p.76-77.
MACHADO, E.
C.; FERREIRA, C. L. L. F.; FONSECA, L. M.; SOARES, F. M.; JÚNIOR, F. N. P.
Características físico-químicas e sensoriais do queijo minas artesanal
produzido na região do serro, Minas Gerais. Ciênc.
Tecnol. Aliment. Campinas, v. 24, n. 4, p. 516-521, 2004.
MONTI,
M. TEACHING METHODOLOGIES IN AGRICULTURE. In:
TENDÊNCIAS INOVADORAS NO DESENVOLVIMENTO DE CIÊNCIAS DA RÚSSIA. X Conferência Internacional Científica e
Prática de Jovens Cientistas dedicada ao Ano da Ecologia e aos 65 anos da
Universidade Agrária do Estado de Krasnoyarsk. 2017. Editora: Krasnoyarsk State Agrarian University
(Krasnoyarsk). Artigo nos anais da conferência; Páginas 165-167
PAULA, J. C. J.;
CARVALHO, A. F.; FURTADO, M. M. Princípios Básicos de Fabricação de
Queijo: do Histórico à Salga, Rev. Inst. Latic. “Cândido
Tostes”, Mar/Jun, nº 367/368, 64: 19-25, 2009.
PERRY, K. S. P. Queijos: aspectos
químicos, bioquímicos e microbiológicos. Quim.
Nova, v. 27, n. 2, p. 293-300, 2004.
SILVA F.T. Queijo Minas Frescal, Embrapa
Informação Tecnológica, DF: Brasília, 2005, 50 p.
SILVA, M. C.
D.; RAMOS, A. C. S.; MORENO, I.; MORAES, J. O. Influência dos procedimentos de
fabricação nas características físico-químicas, sensoriais e microbiológicas de
queijo de coalho. Rev. Inst. Adolfo Lutz. São Paulo, 2010; 69(2):214-21.
SPADOTI, L.
M.; DORNELLAS, J. R. F.; ROIG, S. M. Avaliação sensorial de queijo prato obtido
por modificações do processo tradicional de fabricação - Ciência e
Tecnologia de Alimentos, v. 25, n. 4, p. 705-712, 2005.
VIEIRA, L.
C.; LOURENÇO Jr. J. B. Tecnologia de Fabricação do Queijo Minas Frescal, EMBRAPA - Comunicado Técnico nº: 125,
Belém, PA, dez., 2004.
Texto de autoria de:
Estudantes do Curso Técnico em Química integrado ao Ensino Médio do IFRO: Enoque Carvalho Barata; Nicolly Ferreira Lopes; Matheus Gabriel Perondi Belini Silva;
Professores do Instituto Federal de Rondônia: Antônio dos Santos Júnior; Edailson de Alcântara Corrêa
Publicado em: Francisco Carlos da Silva, André Luiz Rodrigues Menezes, Denise Jovê Cesar (org.) Pesquisas no ensino básico, técnico e tecnológico : biologia, química saúde e meio ambiente. Rio Branco : Stricto Sensu, 2020. 301 pp. ilustrado
Comentários
Postar um comentário